terça-feira, 25 de março de 2008

Conversa com o amigo Baudelaire (parte 2)

A morte dos amantes

Vamos ter leitos de sutis odores,
Divãs que ás fundas tumbas são iguais,
E sobre a mesa as mais estranhas flores,
Brotando para nós mo azul em paz

Ambos queimando os ultimos ardores,
Meu coraçao e o teu, flamas sensuais,
Refletirão em dobro as suas cores
Em nossas almas, dois gêmeos cristais.

Por uma tarde mistica e envolvente,
Trocaremos um só lampejo ardente,
Como o soluço em cada adeus contido;

Pouco depois um Anjo, abrindo as portas,
Há de avivar, alegre e enternecido
Os cristais já sem brilho e as chamas mortas.

Charles Baudelaire

Conversa com o amigo Baudelaire

A morte dos amantes

Quantas vees terei de sacudir meus guizos
E a fronte te beijar, triste caricarura?
Para atingir nesse alvo a mistica nervura,
Quantos dardos, aljava, nefim serão preciosos?

Usaremos nossa alma em conluios concisos,
E destruiremos cada peça da armadura,
Antes de contemplar a soberba criatura
Que nos faz soluçar com Funebres sorrisos

Há quem jamais tenha um idolo a lembrança,
E artistas ha tambem, marcados pela injuria,
Que, sempre a martelar o peito e a fronte em furia,

So tem, sombrio Capitólio, uma esperança!
É que a Morte, a pairar qual sol ha pouco vindo,
O cranio lhes fara em flores ir se abrindo!

Charles Baudelaire

Apenas...

" Talvez daí a pouco terão de separa-e, separados, andarão se procurando pelo mundo, dentro de outros olhos sobre os quais se descobrirem em outras bocas que beijarem..."