terça-feira, 25 de março de 2008

Conversa com o amigo Baudelaire

A morte dos amantes

Quantas vees terei de sacudir meus guizos
E a fronte te beijar, triste caricarura?
Para atingir nesse alvo a mistica nervura,
Quantos dardos, aljava, nefim serão preciosos?

Usaremos nossa alma em conluios concisos,
E destruiremos cada peça da armadura,
Antes de contemplar a soberba criatura
Que nos faz soluçar com Funebres sorrisos

Há quem jamais tenha um idolo a lembrança,
E artistas ha tambem, marcados pela injuria,
Que, sempre a martelar o peito e a fronte em furia,

So tem, sombrio Capitólio, uma esperança!
É que a Morte, a pairar qual sol ha pouco vindo,
O cranio lhes fara em flores ir se abrindo!

Charles Baudelaire

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